O conceito de mobilidade urbana consiste em facilitar o deslocamento em uma cidade, por meio de boa infraestrutura. No entanto, quando falamos em mobilidade urbana para cadeirantes, é preciso considerar fatores como ruas e estabelecimentos com rampas, vias largas para pedestres manobrarem as cadeira de rodas e etc.
Nos últimos anos, o Brasil avançou muito neste quesito, porém, ainda tem a melhorar. Continue a leitura se você quiser entender melhor sobre o assunto!
Quais os desafios enfrentados por usuários de cadeiras de rodas?
Quem precisa usar cadeiras de rodas enfrenta desafios na realização de inúmeras tarefas cotidianas e na garantia de seus direitos básicos. Alguns exemplos são:
Uso do transporte público
Apesar de existirem isenções fiscais para a compra de carros adaptados, muitas pessoas com deficiência ainda não têm como arcar com o custo de ter um veículo próprio e dependem do transporte público para se locomover.
Os ônibus acessíveis já são uma realidade em boa parte das cidades brasileiras. Mas, mesmo aquelas campeãs de acessibilidade, como São Paulo, ainda não têm todos os pontos de ônibus e estações de metrô completamente adaptadas para quem usa cadeira de rodas.
O acesso irrestrito ao transporte público é uma das mais importantes formas de mobilidade urbana para cadeirantes. Afinal, isso os permite o deslocamento de baixo custo para qualquer ponto da cidade.
Disponibilidade nos estacionamentos
Estacionamentos também são de extrema importância. Pois, sem vagas preferenciais bem demarcadas e feitas de acordo com as normas, é impossível realizar tarefas simples do dia a dia, como ir a farmácias, supermercados, consultas médicas etc.
A Lei da Acessibilidade e a Norma NBR 9050 da ABNT trazem todas as diretrizes técnicas para as vagas preferenciais de estacionamento. Que devem ser sempre as mais próximas à entrada do estabelecimento, e mais espaçosas.
Esse é um aspecto que tem tido muitos avanços recentemente, principalmente com a mudança no código de trânsito. Esse passou a considerar como infração gravíssima uma pessoa sem deficiência estacionar em vaga preferencial.
Vale lembrar que deficientes ou condutores sem deficiência, indicados por uma PCD, devem se cadastrar junto ao DETRAN local e identificar o carro com um adesivo próprio.
Acesso a prédios públicos
Com o Estatuto da Pessoa com Deficiência, tornou-se obrigatória a instalação de condições de acessibilidade em todos os prédios públicos. Porém, na prática, ainda há aqueles que não se adequaram ou estão em processo de adequação.
Nos últimos anos, vários prédios públicos como prefeituras, fóruns e agências do INSS passaram por reformas. Entretanto, ainda é possível encontrar dificuldades no acesso a estes serviços básicos, principalmente em cidades menores.
Garantia de lazer
O acesso ao lazer também é um importante direito básico, garantido pela Constituição. Em algumas cidades, há políticas de incentivo fiscal para que estabelecimentos façam adaptações de mobilidade para pessoas com deficiência, como remoção de escadas, construções de rampas etc.
Hotéis, teatros e restaurantes nem sempre são totalmente adaptados. Então, para evitar transtornos, é importante conferir resenhas online com as opiniões e informações de outros clientes.
Para a maioria das cidades brasileiras, é possível consultar um guia colaborativo de turismo acessível.
Exercício da cidadania
Nas últimas eleições, a Justiça Eleitoral fez um grande esforço para criar condições de acessibilidade nos colégios eleitorais, e fazer a troca para salas térreas caso não fosse possível subir as escadas.
O direito ao voto é um dos aspectos mais básicos da vida em sociedade e, por muitos anos, não houve muito investimento nesse sentido. Ultimamente, essa realidade melhorou muito, e estima-se que em 2018 0,64% do eleitorado apresentava algum tipo de deficiência.
Esse valor dobrou em relação às eleições anteriores, ou seja, as pessoas com deficiência estão cada vez mais querendo fazer valer seu direito ao voto, e as instituições estão melhorando bastante a infraestrutura para isso. Uma excelente notícia, afinal, só assim será possível eleger políticos que se preocupem com a acessibilidade.
O que falta melhorar?
É inegável que nos últimos anos tivemos muitos avanços para pessoas com deficiência. Hoje em dia, a grande maioria dos estabelecimentos possui próprio conta com vagas preferenciais, bem como com banheiros adaptados.
Mas as melhorias muitas vezes são lentas, principalmente em cidades menores e mais afastadas. Esses lugares contam com menor disponibilidade dos orçamentos municipais menores. E, às vezes, sofrem com precariedade de serviços e falta de informação sobre as leis.
Pontos turísticos e estabelecimentos privados não são obrigados por lei a serem acessíveis. Dessa forma, acabamos encontrando muitos locais que o acesso é difícil, ou impossível.
Vale destacar três cidades brasileiras que têm ótima infraestrutura para pessoas com deficiência: São Paulo, Foz do Iguaçu, no Paraná, e Socorro, no interior de São Paulo.
Essa última é famosa por seus esportes radicais, como rafting e asa-delta, todos completamente adaptados a vários tipos de deficiência. A pequena cidade próxima a Campinas é uma referência nacional na mobilidade urbana para cadeirantes.
Fora do país, podemos nos espelhar na Itália, um dos países que mais investe em acessibilidade no mundo. A cidade italiana de Milão foi eleita a cidade mais acessível do continente, e é referência mundial.
Lá, todas as formas de transporte são acessíveis para pessoas com deficiência, inclusive os táxis. Na Europa, a maioria dos países oferece ótimos incentivos fiscais para que os estabelecimentos e serviços promovam essas mudanças.
A mobilidade urbana para cadeirantes no Brasil é uma questão que vem sendo tratada com muito mais prioridade nos últimos anos. E, embora os avanços às vezes sejam lentos, podemos esperar melhoras para o futuro próximo.
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